Eu, o Iffante Dom Pedro, duque de Coimbra e snor senhor de Montemoor o Velho a qntꝰ quantos esta cta carta uirẽ faço sabe saber que os moradores das minhas villas de Ffereyros e Fontemanha e Val d'Auy per Vaasco Ans Annes , seu vizinho e pcurador procurador que se mostraua, me enviarõ mostrace hũu estormẽto scipto scripto ⁊ e asijnado por Steuã Pez Perez , tam tabelliam que foj em a dcta dicta cidade em que era ꝯtheudo contheudo et treladado de latim em lingoagẽ o foral que lhes fora dado per el rey Dom Sancho, ffilho d'el rey Dom Affom Affomso e da raynha Dona Mafalda que Ds Deos aja, segũdo se per elle pareçija et fazia mẽeçom do qll quall o theor tall he de verbo a ubo uerbo :

Em nome de Ds Deos , amẽ. Conhoçam quãtꝰ quãtos este estormẽto virem como eu Estevã Pez Perez , tam tabelliam de noso snor senhor el rey em Coimbra vi et ly hũa cta carta de foro dos moradores de Ferreyros et de Fontemanha et de Val d'Evy a qll quall lhes dera o muy nobre rey Dom Sancho, filho do muy nobre rey Dom Affom Affomso ⁊ e da raynha Dona Mafalda, asy como pareçija scipto scripto em latim, o quall de latim em lingoagẽ de verbo a verbo tall he:

Em nome de scta sancta et non partida tijndade trijndade , Padre et Ffilho et Spu Spiritu sancto. Eu rej Sancho, filho de Affom Affomso muy nobre rey de Portugal et da raynha Dona Mafalda, em sembra com meu filho rey Dom Affom Affomso asy et meꝰ meus ffilhos e minhas ffilhas, ꝯvẽ convẽ a sabr saber , rey Dom Pedro, e rey Dom Fernãdo, e a raynha Dona Tareyia e a raynha Dona Sancha, damos et outorgamꝰ outorgamos fforo em a villa que dizẽ Ffereyros et Ffontemanha e Val d'Alvy aos que hi moram et a seꝰ seus filhos et a seꝰ seus subçesores, asy aos presentes como aos que ham ham de vijr. Que nõ respondam a nhũa coyma senõ a trs tres : a omezijo de homẽ morto, e a rouso e a merda em bocca. E o que ffezer omezijo peite XXX mrs maravedis . E por rouso XV mrs maravedis . E por mda merda em boca XV mrs maravedis . Estas trs tres cooymas seiam enqiridas enquiridas per homẽes bõos et a estas tres cooymas vaa o snor senhor da terra et nõ a outras. Et as outras cooymas ⁊ e entẽçõoes antresy as ẽmẽdem os moradores dessas ujllas asy como qisem quiserem sem cooyma asy ponhã seꝰ seus degredos. E com homẽes de fora nom ajam senom per qnisa enquisa de homẽes boos. E moordomo de fora q que vier em estas villas ou em seꝰ seus termꝰ termos ffaze ffazer algũu mall per força ou per yra et hi o matarem nom peytẽ senom coyma d'outo d'outro homẽ. E mãdamꝰ mãdamos que qndo quando o snor senhor desas villas ou o pstameyro prestameyro vier a ellas den lhe cada hũu de sua casa vianda qnta quanta qis quiser esse pimo primeiro dija e hũa vez no ãno ⁊ e nõ pouse elle nẽ os seꝰ seus nas casas desses moradores sem võotade delles mais ffaça casas em que pouse com os seꝰ seus . E os moradores dessa villa non ffaçam carreya carreyra senõ tres vezinhos, senhas carrrareyras taaes que en esse dija que forem possam vijr pousar a suas cassas. E estas trs tres carreyras nõ seiam senon hũua vez no ãno. E os moradores dessas villas nõ vãao em apelido nem em outras ffazẽdas senõ em fosado del rej sse hi ffor o seu corpo. E os moradores desas villas domos nem suiçaaes seruiçaaes se nõ qisem quiserem . E mandamꝰ mandamos que dem em raçom de todo pam de orjo, e de tijgo triigo , et de centeo, e de milho, e de painço, e de linho e de vinho demẽtre for no lagar a oytaua part parte , ꝯuẽ conuem a sabr saber : de qll quall pam ouver semeado desse dem a oitava part parte de suso nomeada e nõ mais. Pimeyamẽt Primeyramente dem a dizima a Ds Deos . E de legumes nem de toda outra fruita nj migalha dem em raçom. E mandamꝰ mandamos q que o moordomo vaa a eyra e ao lagar por esta raçom de suso nomeada. E se nom qis quiser hir testemunhẽ lho e leyxẽ lho em esa medes eyra e seiam duas ou trs tres testimunhas. E em eyradega dem de cada hũu casall emteyro da pimeyra primeyra pobraçom hũu sexteyro antre pam de segunda e de vinho. E se nom teuerẽ vinho ꝯplã complã no de segũda. E dem de cada hũu cassall emteyro por ffogaças tres alqyres alqueyres de segunda et esta eyradega e ffogaças seiam dadas na eyra qndo quando a raçom et asy em eyradega meo d'hũu moolho de linho. E em na ffesta de Sam Migell dem de cada hũu casall hũu capom e ciquo ovos, e em dija de Natall hũu soldo por coorazill. E de portagem dos homẽes de ffora, do cavallo doꝰ dous ssoldos, e da egoa hũu soldo, e do boy ou da uaca seis dros dinheiros , e do coyro doꝰ dous dros dinheiros , e do do reyxello hũu dinehiro dinheiro , e de maraujde tres dros dinheiros , et do porco doꝰ dous dros dinheiros e da manta VI dros dinheiros . E sobre todo esto mandamos aos moradores desas villas que ffugirẽ ende per fame ou per algũu ꝯstrangimto constrangimento qndo quando poderẽ vijr venham e filhem suas herdades em paz sem nhũua cooyma, se as nom vendeo ou deu. E aquell que a sua herdade ou casall qujs qujser vender ven este fforo. E do pço preço que ende receber de ende ao snor senhor da ujlla a oytava parte. Et saybham os homẽes de todo meu regno que som coutadas estas tres villas per padrõoes ao foro da ujlla que dizem Gardam que he em Beesteyros. E asy de oie este dija damos a uos moradores et pouoadores destas villas este fforo que de suso he que em esta cta carta ꝯta conta por nossas almas et por remijmẽto de nosos pecados. E por revora que nos destes por tall que as ajades sempre uos e uossos filhos ⁊ e filhas e uossos soçesores. Eu rey Sancho em sembra com meus filhos et ffilhas suso dctas dictas que esta cta carta mandamꝰ mandamos ffazer com nossas mãaos a reuoramꝰ reuoramos et ꝯfirmamꝰ confirmamos . Ffcta Ffacta a cta carta no mes de Mayo, era de mjll ⁊ e duzentꝰ duzentos et qreenta quareenta et oyto. Quem qr quer que ests estes termꝰ termos ou esta carta carta brjtar quis quiser seia maldcto maldicto ata a septima geeraçom et aja penna com o demo. E sobre todo peite mjll soldos et valha a cta carta .

Dom Gonçallo Mẽedez moordomo da cort corte a confirmou. Dom Mtim Martim Ffrz Ffernandez alferez del rey a confirmou. Dom Lourenço Soarez a confirmou. Pedro Muniz ts testis . Roy Perez ts testis .

O qll quall asy apresentado como dcto dicto he outosy outrosy me mostrarõ o ppio proprio original de latim do dcto dicto fforo so segundo sse por elle pareçija e o quall eu mandey ꝯçetar conçertar com o de lingoagẽ pedindo me os dctos dictos moradores per o dcto dicto seu pcurador procurador que por qnto quanto o dcto dicto estormẽto de lingoagẽ era velho, ⁊ e em algũꝰ algũus lugares caducado ⁊ e emvelheçija, et se poderija segujr que per tpo tempo o nõ poderijam leer, e outosy outrosy sse themyã de pereçe pereçer per ffogo et agoa ou per outo outro algũu cajom ⁊ e casso fortuyto, e o de latim como homẽes simplezes nom poderijam entender qndo quando lhes ꝯpisse comprisse de veeer algũa causa per ell por porem me pedijã que lhes mandanua se dar trelado delle em publica fforma. Dando et outogando outorgando pa pera ello mjnha autoridade. E uisto per mỹ todo seu dize dizer ⁊ e como a dcta dicta cta carta de foro em latim he tall segundo no dcto dicto estormẽto de lingoagem h he ꝯtheudo contheudo lho mandey dar com o theor delle p per esta mjnha cta carta ao qll quall traanscipto traanscripto dou. Et outorgo todo meu ꝯpido comprido poder que valha et ffaça ffe asi como o verdadeyro originall d'onde foy trãscipto trãscripto o dcto dicto estormento. E lhe mandey dello dar a dcta dicta cta carta . Non al nom façades. Dãt Dãte em a çidade de Coimbra, XXVIII.ᵒ d dias do mes d'Abrill. Ho Iffante o mandou per Diego Glls Gonsallves de Tuaços Trauaços do conselho d'el rey, et do dcto dicto snor senhor et regedor de suas terras e aayo do conde Estabre e seus irmãaos. Lopo Gill a fez. Ãno do naçimẽto de nosso snor senhor Jhu Jhesu Xᵒ Christo de mjl e qtroçẽtꝰ quatroçẽtos et qreenta quareenta e çĩquo ãnos.

[Assinatura do tabelião.]

[Vestígios do selo pendente.]